“E desde a hora sexta houve trevas sobre toda
a terra, até à hora
nona. ”
(Mateus 27:45).
Desde as nove da manhã até ao
meio-dia, a luz do Sol iluminou com
toda sua intensidade usual;
de tal forma que os adversários de nosso
Senhor tiveram tempo
suficiente para contemplar e insultar Seus
sofrimentos.
Não poderia haver nenhum
equivoco a respeito do fato
de que Ele estava realmente
cravado na cruz. Pois, Ele foi
crucificado em plena luz do
dia.
Estamos plenamente
convencidos que foi Jesus de Nazaré, já que tanto seus amigos como seus inimigos
foram testemunhas oculares de Sua agonia: durante três longas horas os judeus
estiveram sentados ali o contemplando na cruz, zombando de Suas misérias.
Dou graças por essas três
horas de luz.
Do contrário, os inimigos de nossa
fé teriam questionado se verdadeiramente o corpo bendito de nosso Senhor foi
cravado na cruz, e haveriam dado motivo a inumeráveis fantasias, tão abundantes
como os morcegos e as corujas que rondam na escuridão.
Onde estariam as testemunhas dessa
solene cena se o sol estivesse oculto desde manhã até de noite?
Posto que três horas de luz
proporcionaram a oportunidade de que
se verificasse e de que se
pudesse dar testemunho do fato, vemos
nisso a sabedoria que não
permitiu que a luz se dissipará tão
rapidamente.
Nunca percam de vista que
esse milagre de fechar os olhos do dia,
exatamente ao meio-dia, foi
realizado por nosso Senhor em Sua
debilidade.
Ele havia caminhado sobre o
mar, ressuscitado mortos, e
sarado aos enfermos nos dias
de Sua força; porem, agora, decaiu
baixíssimo, tem febre, sem
forças e sedento.
Ele se movimenta nos limites
da dissolução; no entanto, possui o poder de escurecer o sol exatamente ao
meio-dia.
Ele é ainda verdadeiro Deus
de verdadeiro Deus.
Olhem, uma torrente púrpura
derrama-se Desde Suas mãos e de Sua cabeça, A maré vermelha apaga o sol; Seus
gemidos despertam os mortos.” Se Ele pode fazer isso em Sua debilidade, o que
não poderá fazer em Seu poder?
Não esqueçam que esse poder
foi desdobrado em uma
área na que Ele usualmente
não manifestou Sua força.
A área de Cristo é de bondade e benevolência,
e conseguintemente, de luz.
Quando Ele adentra nas áreas
de convocar à escuridão ou de
chamar à juízo, Ele ocupa-se
daquilo que Ele nomeia Sua estranha
obra.
As obras de Sua mão esquerda
são maravilhas de terror.
Somente de vez em quando que
Ele faz com que o sol se oculte ao
meio-dia, ou escurece a terra
em dia claro
(Amós 8:9).
Se nosso Senhor pôde trazer a
escuridão ao morrer, que glória não
poderíamos esperar agora que
Ele vive para ser luz da cidade de
Deus para sempre?
O Cordeiro é a luz, e que
luz!
Os céus mostram as pistas de
Seu poder agonizante, e perdem seu brilho.
Por acaso os novos céus e a
nova terra não darão testemunho do poder do Senhor ressuscitado?
As densas trevas que rodeiam
ao Cristo moribundo são as vestes do Onipotente: Ele vive outra vez, e tem todo
o poder
em Suas mãos, e todo esse
poder o empregará para abençoar Seus
eleitos.
Que chamado deve ter sido
para os despreocupados filhos dos
homens, esse meio-dia
convertido em meia-noite!
Eles não sabiam que o Filho
de Deus estava em meio deles; nem que Ele estava cumprindo a redenção humana.
A hora mais grandiosa de toda
a história humana dava a impressão que passaria sem que se a notasse, quando,
subitamente, a noite saiu apressadamente de suas habitações e usurpou o dia.
Todo mundo perguntou a seu companheiro:
“o que essa escuridão
significa?”
Os negócios foram paralisados:
o arado ficou no meio do sulco e o machado não pode ser alçado.
Era meio-dia, justo quando os
homens encontram-se mais ocupados; porem, todos eles fizeram uma pausa geral.
Não só no Calvário, mas
também em todas as colinas, e em cada vale, as
trevas baixaram.
Houve um hiato na caravana da
vida.
Ninguém podia se mover exceto
buscando seu caminho as apalpadas, tal como os cegos o fazem.
O dono da casa pediu que a
luz fosse acesa ao meio-dia, e o servente, tremendo, obedeceu essa ordem
inusitada.
Outras luzes também
brilhavam, e Jerusalém era uma cidade
submersa na noite, mas os
homens não estavam em suas camas.
Como a humanidade estava
surpreendida!
Em volta desse grandioso
leito de morte conseguiu-se uma quietude apropriada.
Não duvido que um gélido
terror apoderou-se das massas das
pessoas, e que os homens
prudentes anteciparam coisas terríveis. Os
que tinham permanecido ao
redor da cruz, e se atreveram a insultar
a majestade de Jesus, estavam
paralisados de terror. Eles cessaram
com sua obscenidade e
deixaram de cruelmente se alegrarem. Até
mesmo os mais vis deles
estavam atemorizados, ainda que não
convencidos os demais “se golpeavam nos peitos.” Os que
puderam,
sem dúvida, foram tremulantes
para suas casas trataram de se
esconder, por medo dos
terríveis juízos que, temiam, teriam que
encarar.
TEM CONTINUAÇÃO.
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