domingo, 4 de outubro de 2015

As Três Horas de Trevas...P/02...04/10/2015

             

Não me surpreende que existam tradições de coisas estranhas que
foram ditas no silêncio dessas trevas.
Esses sussurros do passado
podem ou não ser verdadeiros; foram tema de controvérsia dos
estudiosos, porem o esforço da disputa foi energia mal gasta.
No entanto, não nos surpreenderia que alguém tenha dito, como
afirmam alguns repórteres:
“Deus está sofrendo ou o mundo está perecendo.”
 Nem irei eliminar de minhas crenças a lenda poética que afirma que o piloto egípcio de um barco, navegando rio abaixo entre seus bancos cheios de juncos, escutou uma voz que saia da sussurrante flora, dizendo:
“O grandioso Pão morreu.”
Em verdade, o Deus da natureza estava expirando, e coisas ainda mais ternas que os juncos da ribanceira tremeriam diante desse som.
Somos informados que essas trevas cobriram toda a terra; e Lucas
diz:
“sobre toda a terra.”
Essa parte de nosso globo na que correspondia à noite natural, não foi afetada; porem, para todos os homens que estavam despertos, e que se encontravam em seus trabalhos, era o aviso de um grandioso e solene evento.
Era estranho além de toda experiência, e todos os homens se maravilharam; pois, quando a luz devia de ter tido maior brilho, todas as coisas foram escurecidas pelo espaço de três horas.
Deve existir um grande ensino nessas trevas; pois quando nos
aproximamos da cruz, que é o centro da história, cada evento está
repleto de significado.
Luz saltará dessas trevas.
 Amo sentir a solenidade das três horas de sombras de morte, assentar-me ali e meditar, sem nenhuma companhia, exceto ao Augusto Sofredor, em cujo redor desceram as trevas.
Irei apresentar quatro pontos, segundo o Espírito Santo me guie. Primeiro, inclinemos nossos espíritos na presença de um milagre que nos assombra; em segundo, consideremos essas trevas como um véu que esconde; em terceiro, como um símbolo que instrui; e em quarto lugar, como um demonstração de simpatia, que nos serve de advertência pelas profecias que implica.

I.                  Em primeiro lugar,
contemplemos essas trevas como
 UM MILAGRE QUE NOS ASSOMBRA.
Poderia parecer uma observação de rotina o fato de que essas trevas estavam completamente fora do curso natural das coisas.
Desde que o mundo começou, nunca se ouviu que em pleno meio dia, houvera tido trevas sobre toda a terra.
Isso estava completamente fora da ordem da natureza.
Algumas pessoas negam os milagres; e se também negam a Deus, de pronto não irei me dirigir a elas.
 Mas seria muito estranho que alguém que cresse em Deus, duvidasse da possibilidade dos milagres.
Parece-me que, aceitando a existência de Deus, os milagres devem ser
esperados como uma declaração ocasional de Sua independência e
de Sua vontade ativa.
Ele pode estabelecer certas regras para Suas ações, e em Sua sabedoria apegar-se a elas; mas certamente deve reservar para Si mesmo a liberdade de apartar-se de Suas próprias leis, ou do contrário, em certa medida, haveria abandonado Sua Deidade pessoal, teria deificado a lei, colocando-a acima de Si mesmo.
Não acrescentaria em nada nossa ideia da glória de Sua Deidade, se
pudesse nos assegurar que Ele se fez a Si mesmo o sujeito da regra,
atando Suas mãos para não atuar jamais exceto de certa maneira
específica.
Da auto-existência e completa liberdade da vontade que entram em nossa mesma concepção de Deus, somos levados a esperar que algumas vezes Ele não deva se apegar aos métodos que segue como Sua regra geral.
Isso levou à convicção universal que os milagres são uma prova da Deidade.
As obras gerais da criação e da providência são as melhores provas segundo entendo: porem, o coração geral de nossa raça, por uma razão ou outra, olha os milagres como uma evidência mais segura; demonstrando dessa forma que de Deus se espera os milagres.
Ainda que o Senhor estabeleça em Sua ordem que haja dia e noite,
Ele, nesse caso, com abundante razão interpõe três horas de noite no
meio do dia.
Observem a razão.
 O inusitado na natureza inferior é levado a harmonizar-se com o inusitado nos tratos do Senhor da natureza. Certamente esse milagre era sumamente congruente com esse milagre ainda maior que estava tendo lugar na morte de Cristo.
Por acaso não estava o próprio Senhor apartando-se de todas as
formas normais?
Não estava fazendo isso que jamais havia feito desse o principio, e que jamais seria feito novamente?
Que os homens morram é algo tão comum, que é considerado inevitável.
Não nos surpreende o som dos sinos dobrando nos campanários em
um funeral: familiarizamo-nos com a tumba.
Conforme os companheiros de nossa juventude morrem ao nosso
lado, já não somos tomados pela surpresa; pois a morte está em todo
nosso derredor e dentro de nós. Porem, que o Filho de Deus morra,
isso está mais alem de toda expectativa, e não só por acima da
natureza, mas até mesmo contrário a ela.
O que é igual a Deus, suspende numa cruz e morre.
Não sei que outra coisa poderia parecer mais fora de toda regra e mais além de toda expectativa que isso.
Que o sol se tenha escurecido ao meio dia é um acompanhamento adequado à morte de Jesus.
Por acaso não é assim?
Mais ainda, esse milagre não somente estava fora da ordem natural,
mas também é um milagre que se teria considerado impossível.
Não é possível que se tenha um eclipse de sol quando há lua cheia.
Quando a lua está cheia, não está em uma posição na que possa
projetar sua sombra sobre a terra.
A Páscoa dos judeus ocorria na lua cheia, e, portanto não era possível que houvera um eclipse solar.
Esse escurecimento do sol não foi estritamente um eclipse
astronômico; sem dúvida a escuridão se fez de outra forma: no entanto, para aqueles que estavam ali presentes, certamente pareceu
ser um eclipse total do sol:
algo impossível.
Ah irmãos! Quando tratamos com o homem, com a queda, com o
pecado, com Deus, com Cristo, e com a expiação, encontramos que
as impossibilidades habitam juntas como em uma casa.

TEM CONTINUAÇÃO.
                     
                FACEBOOK DO EDITOR

Nenhum comentário:

Postar um comentário