sexta-feira, 9 de outubro de 2015

As Três Horas de Trevas...P/04...09/10/2015

             

Todas as coisas na história humana convergem na cruz, que não parece ser para nada uma ocorrência ou um recurso posterior, mas sim o canal
adequado e ordenado desde o princípio pelo qual correria o amor
até alcançar o homem culpado.
Não posso dizer mais porque me falta a voz, ainda que tivesse
muitas outras coisas mais a dizer. Sentem-se e permitam que as
densas trevas os cubram até o ponto que nem sequer possam ver a
cruz, sabendo que fora do alcance do olho mortal o Senhor fez a
redenção de Seu povo. Ele fez em silêncio um milagre de paciência e
amor, por meio do qual a luz veio aos que habitam nas trevas e no
vale das sombras da morte.


II. Em segundo lugar,
desejo que considerem essas trevas como
UM VÉU QUE ESCONDE.
O Cristo pendido naquele madeiro.
Vejo a terrível cruz.
Vejo aos dois ladrões, um de cada lado.
Vejo a meu redor, e observo cheio de tristeza a esse variado grupo de cidadãos de Jerusalém, escribas, sacerdotes, estrangeiros provindos de
diferentes países, conjuntamente com os soldados romanos. Todos
voltam seus olhares até Ele, e em sua maioria contemplam com cruel
desprezo ao Santo que está no centro da cena. Verdadeiramente, é
um espetáculo horrível.
Vejam esses cães comuns e esses touros de Basã que são de uma
classe mais notável, todos unidos para desonrar ao Manso e
Humilde. Devo confessar que nunca li a história da morte de meu
Senhor, sabendo o que sei da dor da crucificação, sem sentir uma
profunda angústia: a crucificação era uma morte digna de ter sido
inventada pelos demônios. A dor que envolvia era sem medida; não
os torturarei descrevendo-a nesse momento. Conheço muitos
queridos corações que não podem ler sobre ela sem derramar
lágrimas e sem dormir depois durante várias noites.
Porem, havia algo mais que angústia no Calvário: o ridículo e desprezo
amargavam tudo. As zombarias, essas cruéis piadas, os escárnios,
sinais que eles fizeram com a língua, que diremos disso tudo?
Algumas vezes senti uma pequena simpatia por esse príncipe
francês que falava: “Se eu tivesse estado lá com meus guardas, teria
varrido todos esses desgraçados.” Era um espetáculo
demasiadamente terrível: a dor da vítima era extrema, porem, quem
poderia suportar a abominável iniquidade dos zombadores.
Demos graças a Deus porque em meio do crime desceram as trevas
que fizeram com que fosse impossível que os escarnecedores
continuassem com suas burlas. Jesus devia morrer; para Sua dor não
podia existir alívio, e não podia ser liberto da morte; porem, os
burladores deviam se calar. Da maneira mais efetiva suas bocas
foram fechadas pelas densas trevas que os envolveram.
O que vejo nesse véu é, primeiro que tudo, que era
UMA OCULTAÇÃO DESSES INIMIGOS CULPADOS.
Já pensaram nisso alguma vez?
É como se Ele mesmo tivera dito: “Não posso suportá-lo.
Não irei seguir observando essa infâmia! Desça, ó véu!” e as
densas sombras desceram:
 “Pergunte aos céus: „qual inimigo de Deus fez Essa ação sem par?‟
Os céus exclamam:
„Foi o homem; e nós arrebatamos o sol 
De tal espetáculo de culpa e vergonha‟”
Graças a Deus, a cruz é um esconderijo.
Ministra aos homens culpados um albergue para se protegerem do olho Daquele que tudo enxerga, de tal forma que a justiça não precise vê-los e golpeá-los. Quando Deus levanta Seu Filho, e o faz visível, esconde o
pecado dos homens. Ele diz que “Deus, tendo passado por alto os
tempos dessa ignorância.” Ainda mesmo a grandeza de seus pecados
Ele dá as costas, de tal forma que não precisa mais vê-los, mas pode
exercer Sua paciência, e permitir que Sua piedade suporte as
provações dos homens. O coração do Eterno Deus deve ter
lastimado ver tal crueldade sem freio dirigida até Ele, que só fez o
bem a Seu redor, curando todo tipo de enfermidades. Foi terrível
ver os mestres do povo rejeitarem Cristo com desdém, a semente de
Israel, que devia aceitá-lo como seu Messias, lançá-lo fora como uma
coisa desprezada e aborrecedora. Por conseguinte, sinto gratidão
para com Deus por convocar essas trevas para que cobrissem toda a
terra, e colocassem fim a essa cena vergonhosa.
Quero dizer a qualquer um que seja culpável aqui: Graças a Deus
que o Senhor Jesus fez possível que seus pecados sejam escondidos
mais que completamente por espessas trevas. Graças a Deus que em
Cristo Ele não o vê com esse severo olho de justiça que implicaria
vossa destruição. Se Jesus não tivesse se interposto, cuja morte você
há desprezado, você teria alcançado em sua própria morte o
resultado de seu próprio pecado já a muito tempo – porem, por
causa de seu Senhor se lhe é permitido viver como se Deus não o
percebera. Essa paciência está destinada a trazer arrependimento a
ti: Não viras?
Mas, continuando, essas trevas foram um sagrado esconderijo para a
bendita Pessoa de nosso divino Senhor. Por assim dizer, os anjos
encontraram para seu Rei um pavilhão de densas nuvens, na que
Sua Majestade poderia se abrigar em sua hora de miséria. Era muito
que o olho ímpio contemplasse tão toscamente essa imaculada
Pessoa. Por acaso Seus inimigos não o tinha desnudado, e lançado sortes sobre Suas vestes?
Portanto, era conveniente que a santa humanidade encontrasse por fim um esconderijo adequado. Não era bom que olhos brutais vissem as linhas gravadas pelo cinzel da aflição sobre essa bendita figura. Não era bom que os zombadores vissem as contorções desse corpo sagrado, habitado pela Divindade, enquanto Ele era quebrantado sob a vara de ferro da ira divina por causa nossa. Era conveniente que Deus o cobrisse, para que ninguém olhasse tudo o que fazia e tudo o que carregava quando foi feito pecado por nós. Eu bendigo devotamente a Deus por esconder dessa forma a meu Senhor: assim, Ele foi coberto dos olhos que não eram dignos de ver o Sol e muito menos de ver ao Sol da Justiça.
TEM CONTINUAÇÃO.
                     
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