quinta-feira, 8 de outubro de 2015

As Três Horas de Trevas...P/03...08/10/2015

             

Temos chegado agora a uma região onde os prodígios, as maravilhas, as surpresas, são a ordem rotineira do dia: o sublime volta-se em lugar comum quando entramos no círculo do amor eterno.
Sim, mas ainda; agora abandonamos a sólida terra do possível, e nos adentramos no mar, onde vemos as obras do Senhor, e Suas
maravilhas nas profundezas. Quando pensamos no impossível em
outras áreas, começamos a retroceder: porem, o caminho arde nas
chamas do divino, e logo percebemos que “para Deus tudo é
possível.” Vejam, então, na morte de Jesus, a possibilidade do
impossível! Vejam como o Filho de Deus pode morrer.
Algumas vezes nos vemos obrigados a fazer uma pausa quando
encontramos com uma expressão em algum hino, que implica que
Deus pode sofrer ou morrer; consideramos que o poeta usou uma
licença poética demasiadamente grande: no entanto, é conveniente
que nos refreamos de ser hipercríticos, já que nas Santas Escrituras
há palavras como essas. Inclusive lemos (Atos 20:28) sobre a “igreja do Senhor, a qual ele resgatou por seu próprio sangue.” O sangue de Deus! Ah! Não me preocupa defender a linguagem do Espírito Santo; porem, em sua presença tomo a liberdade de justificar as palavras que cantamos a poucos instantes:

“Bem faz o sol ao esconder-se nas trevas,
E ocultar todas as glórias,
Quando Deus, o poderoso Criador, morreu
Pelo homem, pelo pecado da criatura”

Não me atreverei a explicar a morte do Deus encarnado. Basta-me
crer nela, e depositar minha esperança nela.
Como pode o Santo carregar com o pecado?
Tampouco sei.
Um homem sábio nos disse, como se fosse um axioma, que a imputação ou a não imputação do pecado é uma impossibilidade. Que pense o que quiser: já nos familiarizamos com tais coisas desde que olhamos para a cruz. Para nós, as coisas que os homens qualificam de absurdas se converteram em verdades fundamentais. A doutrina da cruz é loucura aos que se perdem.
Sabemos certamente que em nosso Senhor não houve pecado, no entanto, Ele levou nossos pecados sobre Seu próprio corpo, no madeiro. Não sabemos como o inocente Filho de Deus pode sofrer por pecados que não eram seus; surpreende-nos que a justiça permita que Alguém tão perfeitamente santo seja desamparado por Seu Deus e seja levado a clamar “Eloi, Eloi, Lama Sabactani?” Porem, assim aconteceu, e tal por decreto da mais excelsa justiça; e nos alegramos por isso.
Como aconteceu com o eclipse do sol, assim Jesus fez coisas por nós, nas agonias de Sua morte, que no juízo comum dos homens, devem ser consideradas como completamente impossíveis.
Nossa fé se sente em casa na terra das maravilhas, onde os
pensamentos do Senhor encontram-se tão altos sobre nossos
pensamentos, assim como os céus são mais altos que a terra. Em
relação a esse milagre, tenho que assinalar também que esse
escurecimento do sol sobrepassou todos os eclipses ordinários e naturais.
Esse durou muito mais que um eclipse ordinário, e se apresentou de
uma forma diferente.
Segundo Lucas, veio primeiro a escuridão sobre toda a terra, e o sol escureceu depois: as trevas não começaram com o sol, antes, se sobrepuseram ao sol.
 Foi único e sobrenatural. Agora, entre todas as dores, nenhuma dor é comparável a dor de Jesus: de todas as aflições, nenhuma corre
paralela às aflições de nosso grandioso Substituto.
Da mesma maneira que a luz mais poderosa projeta a sombra mais
profunda, assim o surpreendente amor de Jesus custou-lhe uma
morte que não é a sorte comum dos homens.
Outros morrem, porem esse homem é “obediente até a morte.”
Outros bebem o gole fatal, no entanto, não precisam tomar nem de seu amargo nem de seu fel; Todavia, Ele “experimentou a morte.” Cada parte de Seu ser foi escurecida com essa extraordinária sombra de morte; e a escuridão natural externa foi somente para cobrir uma morte especial que eram inteiramente única.
E agora, quando penso nela, essas trevas parecem ter sido perfeitamente naturais e adequadas. Se tivéssemos que escrever a história da morte de nosso Senhor, não poderíamos omitir as trevas sem deixar de lado um elemento muito importante.
As trevas parecem ser uma parte dos componentes naturais dessa grandiosa transação. Leiam toda a história e não estarão surpresos por essas trevas; depois que a mente de vocês se familiarize com o pensamento que esse é o Filho de Deus, e que Ele estende Suas mãos à cruel morte de cruz, não estarão maravilhados quando o véu do templo se rasgue; nem surpreendidos pelo terremoto ou pela ressurreição de alguns mortos. Essas coisas são coadjuvantes adequadas da paixão de nosso Senhor; as trevas também são. Desempenham seu próprio papel, e aparenta que não teriam possibilidade de ser de maneira diferente:
“Esse sacrifício! A morte Dele,
O Altíssimo e por sempre Santo!
Que os céus se apagam está muito certo,
E que se torne negro o brilho do sol.”
Reflitam por um momento. Não lhes pareceu como se a morte que
essas trevas envolviam eram também uma parte natural do
grandioso todo?
Por fim chegamos a sentir como se a morte do Cristo de Deus fosse uma parte integral da história humana. Não se pode eliminá-la da crônica do homem; ou será que pode?
Introduza a Queda, e olhe o Paraíso Perdido, e não pode completar o poema até que tenham introduzido esse Homem mais grande ainda que nos redimiu, e que por meio de Sua morte nos deu o Paraíso Restaurado.
É uma característica singular de todos os verdadeiros milagres, que
ainda que sua surpresa não termine nunca, jamais se percebem
como anti-naturais: são maravilhosos, porem, jamais monstruosos.
Os milagres de Cristo se encaixam no curso natural da história
humana: não podemos ver como o Senhor poderia estar na terra, e
que Lázaro não houvesse sido ressuscitado dos mortos quando a
dor de Marta e Maria fora expressa de maneira tão comovedora.
Não podemos perceber como os discípulos poderiam ter sido
sacudidos pela tormenta no Mar da Galiléia e que o Cristo não
caminhasse sobre as águas para libertá-los.
Maravilhas de poder são elementos esperados em seu lugar com as circunstâncias que as rodeiam.
Porem, os milagres de Jesus, e esse das trevas entre eles, são
essenciais para a história humana; e esse é de forma especial, no
caso de Sua morte e essas grandes trevas que a envolveram.

TEM CONTINUAÇÃO.
                     
                FACEBOOK DO EDITOR

Nenhum comentário:

Postar um comentário