domingo, 11 de outubro de 2015

As Três Horas de Trevas...P/05...11/10/2015



Essa escuridão também nos adverte, até mesmo para nós que somos
muito reverentes. Essa escuridão nos diz que a Paixão é um grande
mistério, que não podemos escrudrinhar. Eu trato de explicá-lo
como substituição, e penso que ai onde a linguagem da Escritura é
explicita, eu posso e devo ser explicito também. Porem, ainda penso
que a ideia de substituição não abrange completamente o tema, e
que nenhuma concepção humana pode captar de maneira plena
todo esse terrível mistério.
Foi efetivado na escuridão, porque o significado pleno de vastos
alcances e o resultado do mesmo não podem ser contemplados pela
mente finita. Podem me dizer que a morte do Senhor Jesus foi um
grande exemplo de auto-negação: eu posso ver isso e muito mais.
Podem falar-me que foi uma obediência maravilhosa à vontade de
Deus: eu posso ver isso e muito mais. Podem-me dizer que consistiu
em carregar aquilo que devia ser levado por milhares de milhares de
pecadores da raça humana, como castigo por seus pecados: posso
ver isso, e encontrei minha melhor esperança nisso.
Porem, não me digam que isso é tudo o que está na cruz.
 Não, mesmo grandioso como isso pode ser, há muito mais na morte de nosso Redentor.
Só Deus conhece o amor de Deus: só Cristo conhece tudo o que
logrou quando inclinou Sua cabeça e entregou Seu espírito. Existem mistérios comuns na natureza nos que seria uma irreverência querer se intrometer; porem, esse é um mistério divino, diante do qual tiramos nossos sapatos, pois o lugar chamado Calvário, terra santa é. Deus colocou um véu na cruz, cobrindo-a de trevas, e muito de seu significado mais profundo permanece na escuridão; não porque
Deus não queira revelá-lo, mas sim porque não temos a suficiente
capacidade para discernir tudo. Deus se manifestou na carne, e
nesse corpo humano quitou o pecado por meio do auto-sacrifício:
todos nós sabemos isso; porem “Indiscutivelmente, grande é o mistério da piedade.”
Novamente, esse véu de escuridão também figura para mim a
maneira como que os poderes das trevas sempre se esforçam por esconder a cruz de Cristo. Combatemos contra as trevas quanto tratamos de pregar a cruz. “Esta é a vossa hora e o poder das trevas.” (Lucas 22:53),
disse Cristo; e não duvido que a nessa hora, hostes infernais
desferiram um feroz assalto contra o espírito de nosso Senhor.
Também sabemos que, se o príncipe das trevas vai estar em algum
lugar lutando, certamente será onde Cristo é posto mais alto.
Encobrir a cruz é o objetivo do inimigo das almas.
Alguma vez você se deu conta disso?
Essas pessoas que odeiam o Evangelho deixarão correr qualquer
outra doutrina sem apresentar combate; mas, se a expiação e as
verdades que derivam dela são pregadas, de imediato elas são
abaladas. Nada provoca tanto ao diabo como a cruz. A teologia
moderna possui como seu principal objetivo o obscurecimento da
doutrina da expiação. Esses modernos polvos tingem de negro a
água da vida. Fazem do pecado algo sem importância, e seu castigo
só um assunto temporal: e assim degradam o remédio ao retirar a
importância da enfermidade.
Não somos ignorantes de seus truques. Espero, meus irmãos, que as
nuvens da escuridão se reunirão em redor da cruz bem no seu
centro, para conseguir assim ocultá-la da vista do pecador. Porem,
também podem esperar isso, que ali as trevas chegarão a seu fim. A
luz surge da escuridão: a eterna luz do Filho de Deus que não
morre, que tendo ressuscitado dos mortos, vive para sempre para
dispersar as trevas do mal.

III. Agora passaremos a falar dessas trevas como
UM SÍMBOLO QUE INSTRUE.
O véu cobre e oculta; porem, por sua vez, como um emblema,
também revela. Parece dizer: “não trate de buscar dentro, mas aprenda
do véu mesmo: tem trabalho de querubim sobre ele.” Essa escuridão nos ensina o que Jesus sofreu: ajuda-nos a adivinhar as aflições que
talvez não possamos ver de outra forma.
A escuridão simboliza a ira de Deus que caiu sobre os que tiraram a
vida de Seu Filho unigênito. Deus estava irado e Sua carranca
eliminou a luz do dia. Ele estava justamente enojado, quando o
pecado estava matando Seu unigênito Filho; quando os lavradores
judeus diziam: “Esse é o herdeiro; vinde, matemos-lhe e nos apossamos de sua herança.” Essa é a ira de Deus para toda a humanidade, pois
praticamente todos os homens participaram na morte de Jesus. Essa
ira levou os homens às trevas; são ignorantes, cegos, aturdidos.
Chegaram a amar as trevas mais que a luz porque suas obras são
más. Nessas trevas eles não se arrependem, mas sim seguem
rejeitando ao Cristo de Deus. Em meio dessas trevas Deus não os
pode olhar com complacência  os vê como filhos das trevas, e
herdeiros da ira, para os quais está reservada a escuridão eterna.
O símbolo também nos fala do que nosso Senhor Jesus teve que suportar.
As trevas exteriores eram uma figura da escuridão que tinha dentro
Dele. No Getsemani, uma densa escuridão caiu sobre o espírito de
nosso Senhor, ele disse: “Minha alma está muito triste, até a morte.”
Sua alegria era a comunhão com Deus: esse gozo o tinha
abandonado, e Ele estava no escuro. Seu dia era a luz da face de Seu Pai: esse rosto estava escondido e uma noite terrível havia
depositado-se a seu redor.
Meus irmãos, eu pecaria contra esse véu se pretendera que eu lhes pudesse dizer em que consistia essa tristeza que oprimia a alma do Salvador: nada mais posso compartilhar com vocês do que me foi dado na medida em que tive comunhão com Ele em Seus sofrimentos.
Você sentiu alguma vez um horror profundo e pesado para com o
pecado; o pecado próprio e o pecado dos demais?
 Alguma vez já viram o pecado à luz do amor de Deus?
Alguma vez o pecado pairou sobre sua consciência sensível?
 Deslizou-se internamente em vocês um sentindo de ira como a escuridão da meia-noite; e esteve muito próximo de vocês, ao redor de vocês, sobre vocês e dentro de vocês?
Vocês se sentiram presos em sua debilidade, e por sua vez
perceberam que a porta até Deus está fechada?
Olharam a sua volta sem encontrar ajuda, sem consolo ainda mesmo em deus: sem esperança, sem paz?
Em tudo isso, vocês deram um pequeno gole desse mar salgado no que nosso Senhor foi lançado.
Sim, como Abraão, vocês sentiram o temor de uma grande
escuridão que cai sobre vocês, então lhes foi dado provar algo do
que seu divino Senhor sofreu, quando o Pai quis quebrantá-lo,
sujeitando-o a padecimento. Isso é o que levou a suar grossas gotas
de sangue que caíram no chão; e isso foi o que levou Cristo a clamar na cruz com um grito aterrador:
 “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?”
Não foi a coroa de espinhas, nem o látego, nem a cruz que o motivaram a clamar, mas sim a escuridão, a terrível escuridão do abandono que oprimia Sua mente e o fazia sentir um completo atordoamento.
Foi-lhe retirado tudo o que podia o consolar, e tudo o que podia o
angustiar foi acumulado sobre Ele. “O espírito do homem susterá a sua enfermidade, mas ao espírito abatido, quem o suportará?
(Provérbios 18:14)?”
O Espírito de nosso Salvador estava ferido, e ele clamou:
“meu coração é como cera, derreteu-se no meio das minhas entranhas.
(Salmos 22:14)”
 Ele foi privado de todo consolo natural e espiritual, e
Sua angustia foi completa e total. As trevas do Calvário não
permitiram o brilho das estrelas, como noutra noite qualquer, mas
escureceram cada uma das luminárias do céu. Seu forte clamor e
Suas lágrimas evidenciaram a profunda aflição de Sua alma. Se ele
carregou com tudo, foi possível porque Sua mente foi capaz de
sobrecarregar tudo, ainda que, certamente, foi vigorizada e
engrandecida pela união com a Deidade. Ele suportou o equivalente
ao inferno; mais ainda, não somente isso, mas suportou o
equivalente a dez mil infernos no que concerne a restituição da Lei.
Nosso Senhor rendeu em Sua agonia de morte uma homenagem à
justiça muito maior do que se um mundo houvera sido condenado à
destruição.
Tendo dito isso, que mais posso falar?

TEM CONTINUAÇÃO.
                     
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