“Mas o justo
viverá pela fé.”
Habacuque 2:4.
Este texto é
empregado três vezes pelo apóstolo Paulo como argumento.
Leia Romanos 1:17,
Gálatas 3:11 e Hebreus 10:30
em cada um desses casos aparece, “o justo viverá
pela fé”. Este é o antigo texto original ao qual o apóstolo se referiu quando
disse, “Como está escrito, o justo viverá pela fé.” Nós não estamos errados em
fazer da inspiração do Antigo Testamento tão importante quanto à do Novo, pois
a verdade do Evangelho deve se manter em pé ou então cair com os profetas da
antiga dispensação.
A Bíblia é uma e indivisível – não se pode questionar o
Antigo Testamento e reter o Novo. Ou Habacuque estava inspirado ou Paulo
escrevia coisas sem sentido.
Em todos os
tempos e em todos os lugares, o evangelho é e continuará sendo o mesmo. “Jesus
Cristo, o mesmo ontem, hoje e eternamente”. Nós lemos “o evangelho” a partir de
um – nunca dois ou três evangelhos – como muitos. Céus e terras passarão, mas a
Palavra de Cristo nunca passará. Também é digno de nota que esta verdade de
Deus é tão antiga e ainda assim continua tão imutável, e com tanta vitalidade.
Esta sentença, “O justo viverá pela fé”, produziu a Reforma! Desta linha, a
partir da abertura dos selos do apocalipse virão todos os sons das trombetas do
evangelho e todas as canções evangélicas como o som de muitas águas. Esta única
semente – esquecida e escondida nas trevas da era medieval – foi trazida de
volta, colocada no coração dos homens, cresceu pelo Espírito Santo de Deus,
para no final produzir grandes resultados.
Esta porção
de semente no topo das montanhas foi multiplicada de tal forma que o fruto
moveu o Líbano e suas cidades e floresceu como a erva do campo. Mesmo a menor
parte da Verdade de Deus lançada em qualquer lugar viverá! Algumas plantas são
tão cheias de vitalidade que apenas o fragmento de uma folha colocado no solo
fará com que ela crie raízes e cresça. É completamente impossível que esta
vegetação se extinga, e assim acontece com a Verdade de Deus – ela é viva e
incorruptível – e, portanto, nada pode destruí-la. Desde que uma Bíblia reste,
a religião da Graça Livre viverá! Não, se puderem queimar todas as escrituras,
ainda que reste apenas uma criança que se lembre de um único texto da Palavra,
a Verdade se levantará novamente!
Mesmo nas
cinzas da verdade o fogo ainda está vivo, e quando o sopro do Senhor vem sobre
elas, a chama arde gloriosamente. Por isto, sejamos confortados nestes dias de
blasfêmias e censura – confortados porque “embora a erva embranqueça e a flor
caia: mas a Palavra do Senhor dura para sempre.” E esta é a palavra pela qual o
evangelho é pregado a você. Deixe-nos examinar este texto cujo sentido iluminou
o coração de Lutero, enquanto o explico a você.
A fé e a
certeza da salvação
Há uma
estreita conexão entre a fé em Cristo e a certeza da salvação. Foi o próprio
Jesus quem disse: “Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida
eterna” (Jo 6.47). Alguns cristãos sinceros pensam que é impossível ter certeza
da salvação e vivem inseguros e sem deleite espiritual. Outros, movidos pela
presunção, ostentam uma falsa segurança de salvação e vivem confiados em si
mesmos para entrar no céu. É preciso gritar a plenos pulmões que a salvação é
uma dádiva de Deus e não uma conquista humana. É oferta da graça e não
resultado das obras. É recebida pela fé e não pelos rituais religiosos.
Consequentemente, nenhum homem pode vangloriar-se de sua salvação. Se a
salvação fosse por méritos, então, o homem teria de que se gloriar, mas como
ela é oferta da graça, o homem só pode se curvar e agradecer a Deus por tão
grande dádiva.
Porque a
salvação é presente de Deus, independente de mérito humano, quando cremos no
Senhor Jesus e o recebemos pela fé como Salvador pessoal podemos ter certeza da
salvação. Essa garantia nos é dada pelo próprio Salvador. Jesus não poderia ter
sido mais enfático: “Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a
vida eterna” (Jo 6.47). O verbo “ter” está no presente do indicativo. Quem crê
em Jesus não teve nem terá a vida eterna, mas tem a vida eterna. É uma posse
imediata e segura. O apóstolo João, nesse mesmo viés, escreveu sua Primeira
Carta para que os crentes pudessem ter essa certeza: “Estas coisas vos escrevi,
a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome
do Filho de Deus” (1Jo 5.13). Jesus disse de forma insofismável: “As minhas
ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida
eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo 10.27,28).
Aqueles que creram em Cristo nasceram de novo, foram selados pelo Espírito
Santo, têm seus nomes escritos no livro da vida e estão assentados com Cristo,
nas regiões celestes, acima de todo principado e potestade. A salvação daqueles
que creem em Cristo é assegurada por Deus e nele podemos confiar, pois não é
homem para mentir.
É importante
enfatizar que a fé não é a causa meritória da salvação; é sua causa
instrumental. Não somos salvos por causa da fé, mas mediante a fé. Somos salvos
pelo sacrifício de Jesus feito na cruz em nosso lugar e em nosso favor. Jesus
cumpriu a lei por nós e satisfez todas as demandas da justiça divina. Ele
quitou a nossa dívida e com o seu sangue nos resgatou para Deus. Ele se identificou
conosco e morreu a nossa morte. Agora, aqueles que estão em Cristo estão quites
com a lei de Deus e com a justiça de Deus. Morremos com Cristo e ressuscitamos
com ele para uma nova vida. Agora nenhuma condenação há mais para nós, pois
estamos em Cristo Jesus. O Pai nos justificou, o Filho morreu por nós,
ressuscitou e está intercedendo em nosso favor e o Espírito nos selou para o
dia da redenção. Nossa salvação está plenamente garantida pelo próprio Deus
Triúno. Estamos plenamente certos de que nem a morte nem a vida; nem anjos nem
principados; nem altura nem profundidade; nem qualquer outra criatura poderá
nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Estamos
salvos, eternamente salvos. Podemos tomar posse da vida eterna e começar a
desfrutá-la aqui e agora.
Pela fé podemos desfrutar do gozo antecipado da
glória.
É claro que não estamos falando de fé na religião, fé nos ídolos, fé em
nós mesmos. Estamos falando da fé em Cristo Jesus, o Filho de Deus, o Rei da
glória, o Verbo encarnado, o nosso Justo Advogado, Redentor da nossa alma,
Senhor da nossa vida, nosso bom, grande e supremo Pastor.
Nele temos copiosa
redenção.
Nele temos refúgio eterno.
Nele temos segurança da salvação.
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